O Que Rola na Pista

Seu ponto de referência como canal independente para expor críticas sobre baladas/eventos e seus produtores e, também sobre apresentações de DJs.

O que rola às sextas


Photo by Hugo Lima

A balada às sextas-feiras em Brasilia nos idos dos anos 2000  e,  acredito que até por volta de 2004, eram bombásticas. Muito comentadas por ser o melhor dia em uma das poucas opções que tínhamos na Boate Garagem. Possuía uma pegada house pop e sempre lotada e com shows de drags que com o decorrer do tempo foram minguando e de certa forma se perdendo. Desse período em diante, até vir a transformação de Blue Space, como a filial paulistana , ainda tivemos um hiato e era apenas tratada como uma novidade passageira e por isso não chegava a se destacar como antes. A verdade é que as sextas-feiras só veio se tornar mesmo bombásticas como antes, em 2009 quando surgiu o Projeto Let`s Club levando temas diferentes para a balada todo início de final de semana.

O que houve foi um casamento que deu muito certo. A Blue Space já era conhecida por ter seu forte em shows performáticos de drag queens e a Let`s club trazia um ar jovem à noite brasiliense adicionando apresentações performáticas que remetiam aos artistas mais pops do momento alem, de claro, o mais importante, incluir estilos musicais considerados mais familiares aos ouvidos de um público mais antenado.  O pop que se ouvia nas rádios misturado com o house já explorado no início da década continuou, mas houve nova roupagem, sendo adicionado electro, progressivo e tribal.

A partir daí Blue Space à sextas feiras tem lotado desde 2009 e a impressão que tive na ultima edição que pude participar e que, inclusive, pudemos realizar o lançamento oficial deste blog na festa é que mesmo com o fechamento da Blue o público encheu a pista e não foi desestimulado pela perda do antigo local, pelo contrário, a mesma vibe, a mesma animação estava presente.

Bem, ao chegar no local, Espaço Novytá, por volta de meia noite percebi um público ainda tímido que aguardava em frente. Fui em direção a duas hostesses que possuíam a lista de convidados e que prontamente puderam realizar todo o procedimento para minha entrada.  Pude notar um espaço amplo e que me dava uma idéia mais de um evento de festa do que de uma balada em boate como acontecia antes na Blue Space. Ao entrar, a pista, ainda vazia, tinha em suas extremidades um palco com a marca let`s club em que o DJ já tentava esquentar a balada e, na outra, palco para a apresentação de um show performático em que Alexia Twister iria encarnar a superpop Katy Perry, que inclusive, tinha acabado de se apresentar no Rock in Rio e, por isso o tema da noite.

Quando cheguei estava no comando das pick ups o Dj Fernando Cunha, DJ residente da festa e que animava o público presente com som exclusivamente pop. Seriam todas as músicas do momento que você escuta nas rádios com uma pegada house. Foi uma mistura boa, animada com Kyle Minogue, Wanessa, Lady Gaga e por aí vai. Bem, mas o som começou a mudar mais um pouco com a chegada de Guga Freitas e  Rozy Acioly (*ver errata abaixo) que se revezaram em house, tribal e, acredite, funk! Não lembro qual dos dois, acredito que Guga, apertou o play com vontade em “Ai como eu tô bandida”, hit bem conhecido pelo sucesso de Valéria e Janete na TV. A mistura deu certo.  Agitou e alegrou a muitos, a partir daí percebi a chegada de um público que já enchia a pista, bem como a subida de gogo boys nos ditos, queijinhos.

Tiveram momentos que senti um certo desencontro do DJ Guga Freitas com as transições de algumas músicas, mas nada que pudesse fazer com que chateasse o público. E afinal de contas, como já bem registrou a jornalista Cláudia Assef em seu livro a máxima: “Todo DJ já sambou”, então não é algo tão grave. 

Assim que Dj Guga terminou, houve a transferência de atenções para o outro palco em que iria acontecer a performance da Alexia Twister e a tribo Cia de Dança. O Palco inspirado no original, claro, com ornamentações de doces e pirulitos trouxe Alexia realmente encarnando Katy Perry. Com dublagem chegando ao perfeccionismo e uma equipe de dança que se esmerava em realizar os passos com o mesmo objetivo que ela, geravam gritos e pulos do público que acompanhava. Acredito que tenha durado cerca de 15 minutos no máximo até o DJ da noite, Felipe Guerra assumir o altar “Let’s Club”.

Dj Felipe Guerra

Dj Felipe Guerra - photo by Hugo Lima

Felipe Guerra é um nome de peso na cena do público LGBT. Natural de Recife é produtor e DJ e conseguiu grande notoriedade por lançar com Lorena Simpson os hits “Brand New Day” e “Breath Again” nos quais tiveram proporções gigantesca. Falo isso porque, um caso inusitado foi constatado quando recebi em 2009/10 na cidade um amigo francês e me perguntou se eu conhecia a música “Brand New Day” e que nas baladas francesas essa música já era comum e todos a curtiam. Não sei se Felipe já ouviu histórias assim, se não…que fique então registrada essa!

Felipe Guerra começou o set pouco mais das 2h30 da manhã. Tribal house e progressivo dominaram o local. Trouxe novidades aos ouvidos como Papi, o novo single de JLO, mas completamente remixada. O que dá pra perceber é que Felipe não toca porque apenas foi contratado para fazer o que mais sabe, mas porque sente a música, deixa o público ainda mais agitado e entende que apesar do tipo tribal e progressivo era uma noite em que a celebração maior seria o pop como músicas da Katy Parry por exemplo.

Enquanto rolava a apresentação do Dj Felipe Guerra eu estava com os melhores convidados do mundo:   colaboradores, DJs, produtores e antes de tudo, AMIGOS, celebrando o lançamento oficial deste Blog com a apresentação do logotipo (esse aí do post anterior), apresentando a idéia central, o compromisso em mostrar como os brasilienses tem curtido a noite da cidade e, ainda, o compromisso de poder dar um feedback a produtores e DJs sobre seus trabalhos.

E como bem anunciado no brinde de lançamento pelos amigos na festa: “Vida longa ao Blog O que rola na Pista!”

Com certeza teremos vida longa com essa quantidade de festas que tem aparecido na cidade.

P.S1: Um agradecimento especial à toda equipe da “Label” Let`s Club que nos possibilitou um noite incrível e de grande sucesso.

P.S2: ERRATA: A Dj Rozy Acioli tocou após o Dj Felipe Guerra e não antes, como foi mencionado.

Fotos e videos de cobertura da festa podem ser encontradas no site: http://paroutudo.com/2011/09/26/lets-katy-perry-guerra/?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

5 comentários em “O que rola às sextas

  1. Rozy Acioli
    30 de janeiro de 2012

    Olá, sou a Rozy Acioli, e li a matéria, adorei, só corrigindo um pequeno erro, eu toquei depois do Filipe Guerra. =D

    • oqrolanapista
      30 de janeiro de 2012

      Olá Rozy!
      Muito obrigado pela visita e pelo recado. Ops, um deslize! Vamos colocar uma errata agora mesmo!
      Conte conosco quando quiser divulgar seu trabalho.
      Mi blog es su blog! 😀

  2. Renato Pena
    29 de setembro de 2011

    Lets desde 2009? Como o tempo passa!
    Mas eu queria só ponderar uma coisa sobre as noites de sexta, em Brasília, porque eu sou das poucas viúvas do velho Galleria.
    Acho que a fase das festas no Conic, imediatamente anteriores ao Lets, é das mais legítimas das noites da capital. Aliás, o próprio Lets tem sua origem nas noites absurdas do Galleria que, por sua vez, tem dívida com o formato caverna-de-proscritos da Lôca de SP.
    A boate do Conic reunia todos os muitos segmentos do under brasiliense: irmãs ferrugens, Fernando Cunha, Andie, e a própria grife Paroutudo – Malva que o diga. E como se sabe, cada qual seguiu rumo diferente e a turma do site se uniu ao Fernando.
    As lendárias (simmm, lendárias!) noites do Galleria foram palco pra despedida do Fernando Rodrigues, o repórter especial da Folha, que, à época, iria se especializar no exterior. E o cara até já voltou pra Brasília – e, de novo, vejo o tempo passar…. Mas provando o alto nível da frequência do local, misturando-se aos emos, putas e garotos gays de toda sorte, eu posso afirmar que lá também foi cena de festas inimagináveis, como na despedida de um grupo de diplomatas, regada a vodka Natasha, com guaraná Jesus – tudo de mentirinha, na brincadeira da turma.
    E assim foi uma longa temporada de casa cheia, casa de todos e de ninguém, com zero de produção e música de underground mesmo.
    Acho que o Fernando até hoje carrega aquele seu set de noites de Galleria ou as mesmas músicas em sua case, agora já envelhecido, acrescido de hits atuais.
    Essa legitimidade, parece-me, difícil de se imaginar hoje. Difícil imaginar engodo. Por ali, nunca me peguei com a impressão de estar sendo enganado. Aquilo valia, o que eu pagava.

    É isso! Talvez seja só meu lado de ver aquela noite. Tenho contradição até no meu grupo de amigos, mas vejo o Galleria com saudade.

    Abraço
    Renato Pena

  3. Marcos
    27 de setembro de 2011

    Só uma correção.. Filipe Guerra é do interior de Recife, e não produziu as músicas da Lorena. Quem produziu foi a Maxpop, mais precisamente Mister Jam, que viu no Guerra um bom produto a ser lançado junto a Lorena, por ser gay e ter um rostinho bonito. Guerra foi fabricado pela Maxpop

    • oqrolanapista
      28 de setembro de 2011

      Obrigado pela visita e informação Marcos.
      Forte abraço.
      Equipe O que rola na Pista

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